APARTADOS - II TEMPORADA

 




(Imagem da internet)



EPISÓDIO II



CAIO


- Eu me lembro exatamente de tudo! - Disse encarando o outro nos olhos.

- O que você está me contando é uma história absurda, você não tem nenhuma prova concreta a respeito de tudo isso, lembranças e sonhos são factoides e abstratos. - O interlocutor era um  jovem e promissor repórter investigativo de uma grande revista do seguimento de ufologia.  Possuía um temperamento sanguíneo e aventureiro, trinta e cinco anos de idade, porte atlético, pele negra e olhos vivos. Além disso, era dono de uma inteligência suficiente, para não cair em uma armadilha como aquela. O relato de um homem que afirmava ter sido abduzido por extraterrestres, era matéria velha e muito arriscada. 

- Caio, infelizmente não posso te ajudar.

- Acho que ninguém pode, não é Henrique? - Falou desanimado.

- Acho que não, desculpe tê-lo desapontado. - Respondeu.

- Às vezes acho que vou enlouquecer, com tudo oque se passa na minha cabeça.

- Me desculpe te falar! Mas, já pensou em procurar ajuda de algum profissional.

Caio ficou sem resposta, pensou em abandonar o veículo onde estavam e ir embora.  Estava sendo chamado de louco, mesmo que aquele recado do repórter estivesse nas entrelinhas.

- Me desculpe desapontá-lo Caio. Minha revista realmente trabalha com fenômenos sobrenaturais e principalmente os OVNIS. Mas nós trabalhamos com fatos, não com a subjetividade.

- Você não acreditou em nada do que eu disse, não é? - Falou por fim. - Me desculpe fazê-lo perder o seu precioso tempo.

- Não existe necessidade de desculpas, Caio. Eu pessoalmente recebo muitas cartas falando sobre assuntos sobrenaturais e em nossa redação também fervilham de histórias. Porém, tudo é passado por uma grande triagem e claro, uma investigação minuciosa dos fatos.

- Já entendi Henrique. E mais uma vez me desculpe...

Levantou-se do banco do carona onde estava e saiu do carro desanimado. Tinha uma pequena esperança no fundo do seu coração de que conseguiria a atenção daquele jornalista, para aquele assunto que o atormentava tanto. Era tão real para ele e tão surreal ao mesmo tempo, que ele próprio conseguia entender a reação do outro. Mesmo assim estava indo embora muito desanimado, sua última tentativa fugia de suas mãos feito água.

Henrique tinha muita experiência naqueles assuntos, o relato de Caio era um tanto quanto fantasioso sim, mas tão rico em detalhes, que poderia haver algum fundo de verdade naquilo, pena que o outro em questão não tivesse provas concretas em suas mãos. Ficou observando de dentro do seu veículo, enquanto o outro se distanciava de cabeça baixa. Seu olhar aguçado de jornalista não pode deixar de observar um pequeno detalhe, que para qualquer pessoa passaria desapercebido. Um pequeno ponto de luz verde se acendeu na nuca de Caio. Ele estremeceu dos pés à cabeça. O homem carregava em seu corpo um sinal no mínimo inusitado, talvez até nem soubesse disso. Seria uma contestação? Quem sabe? Mas seu faro de jornalista experiente  não poderia deixar passar aquele fato que estava diante de seus olhos. 

Henrique saiu do carro feito louco correndo na direção de Caio e gritou o seu nome. A voz do jornalista reverberou em seus tímpanos. 

Caio virou-se para trás, o repórter vinha em sua direção feito um lobo atrás de uma presa.

- Espera! - Gritou. - Espera Caio...



Continua...




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