EPISÓDIO V
MORTES
O corpo foi retirado do quarto exatamente às seis horas da manhã.
Segundo os profissionais do complexo psiquiátrico, no relato, disseram que Otho estava recluso em um quarto solitário, por haver tentado mais uma fuga, na noite anterior. Conforme a própria perícia a causa da morte foi por asfixia, suicídio com um lençol amarrado ao teto do local. O corpo já estava rígido e arroxeado, identificando que já havia entrado em óbito há um tempo relativamente alto. Como os funcionários não tinham percebido nada, foi a pergunta que ficou no ar. Porém, as desculpas e os relatos montados, foram aceitos como prova. aquele infeliz, não teria ninguém para reclamar seu corpo, para que se estender em uma investigação, sendo que o caminho mais fácil seria encerrar aquele assunto por ali. Otho era simplesmente um louco insignificante a mais. Não haveria viva alma para comunicar sobre sua passagem dessa vida para a outra. Foi encaminhado para o lado de fora do prédio em uma bandeja fria de morto, dali para a escuridão do esquecimento.
A mulher soltou um grito histérico ao perceber o corpo inerte do marido ao seu lado, na cama onde dormiam.
Após um ligação nervosa e desesperada para a polícia, foi confirmado morte de causa natural. Um infarto fulminante levou Nilton para o mundo dos mortos. Tudo foi providenciado de uma maneira rápida, pelo irmão, já que a esposa não tinha condições psicológicas naquele momento. O velório e o enterro foram rápidos, sem despedidas longas e desnecessárias. Tudo para poupar a todos da dor da perda tão repentina daquele homem, que durante seu período curto de vida, havia sido um grande marido, pai e irmão.
Agora, seriam só ela e os filhos. Após o funeral, ela deu um longo abraço no cunhado como forma de agradecimento pelo amparo providencial, naquele momento tão complicado.
Dias depois, sem avisar, ou se despedir de ninguém, ela simplesmente desapareceu com os filhos, sem deixar notícias, indícios ou pistas para onde estariam indo. Simplesmente "desapareceram" para sempre.
Ao desligar o telefone, Caio estava desolado com as notícias, passadas para ele através de uma ligação de Henrique. Talvez ele ou Enya seriam os próximos a morrerem. Aqueles imbecis estavam no encalço de todos, não haveria como fugir.
Henrique por sua vez, continuava com suas investigações. Já havia descoberto muitas coisas sobre "ELES", porém, aquela matéria seria nitroglicerina pura se fosse realmente publicada. até o momento não havia entregue aquele material recolhido para o seu chefe de redação. Não conseguia confiar em mais ninguém, depois que entrou naquele emaranhado sem fim. Aquele assunto iria revirar muitas outras camadas da sociedade, governos, segurança, religiões, opinião pública e até um pânico generalizado. Possuía em suas mãos, a maior matéria de sua vida, porém, não poderia publicá-la. Pelo menos por enquanto. Depois daquelas mortes então, que envolviam pessoas diretamente ligadas àquelas histórias, estava de mãos atadas. Achou mais do que prudente, manter-se em silêncio.
No entanto, o que não passou por sua cabeça, foi uma entrevista cedida por Caio, sem a sua permissão, a um programa apelativo e sensacionalista de T.V, que abordava temas relevantes, porém de uma forma totalmente popularesca e irreverente.
A figura de Caio foi tratada o tempo todo com certo desdém, com abordagens tendenciosas, sempre dando a entender que toda sua narrativa não passava de um devaneio. até o momento em que ele percebeu a armadilha na qual havia caído e entrou em um surto psicótico quebrando todo o cenário e sendo carregado para fora do estúdio pelos seguranças do local.
"Ele colocou tudo a perder" - Pensou Henrique ao ver aquela cena caótica.
Continua...
RICARDO NETTO É COLABORAR DESSE BLOG.
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ESCRITOR DA SÉRIE DE LIVROS (OS SENHORES DAS SOMBRAS); À VENDA NA LIVRARIA MARTINS FONTES PAULISTA.
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