APARTADOS
PENÚLTIMO EPISÓDIO
ÁTHILA
O encontro aconteceu no meio da estrada, estavam em mãos contrárias. Morgan parou a van e estacionou no canteiro, já conhecia o outro veículo, sabia que se tratava de uma pequena diligência dos rebeldes, em outros tempos já havia sido escoltado por uma delas até o CAMPO.
Rhami encaminhou seu veículo ao outro lado da pista, parando na frente do mesmo. Desceram, ele e os quatro que o acompanhavam, estavam com armas em punho. Não que os ocupantes do outro carro representasse algum tipo de perigo, mas tudo fazia parte de um protocolo de segurança.
- Ninguém sai do carro! - Ordenou Morgan para todos. Desceu do automóvel e ficou de frente para Rhami.
- Finalmente. - Falou para o outro.
- Estranho você falando isso, não é Morgan. - Retrucou o outro secamente. - Para quem sempre fugiu de tudo e de todos. O que você quer agora. - Perguntou por fim.
- Quero falar com o Áthila. - Falou. - Tenho algo que é do interesse dele. Ou melhor. É do interesse de todos.
- É aquela história dos "apartados" outra vez.
- O que acha. Falei que iria conseguir trazê-los e os trouxe.
- Como pode ter tanta certeza que são eles.
- Você sabe de onde os tirei.
- Não faço a menor ideia.
- Da "caixa branca". - Deu uma pequena pausa. - Agora vai nos levar até o CAMPO, ou não.
Rhami ficou em silêncio por um tempo, olhou bem nos olhos do outro com certa frieza. Ainda mantinha uma grande desconfiança sobre aquele homem, por outras vezes já havia provado que não era de confiança. No entanto, ele tinha aqueles quatro com ele. Enya, Nilton, Otho e Caio, que traziam consigo, sem ao mesmo imaginarem, a cura para um vírus letal que estava assolando os de sua espécie. Procuraram por séculos por aqueles quatro, agora não podia contestar aquela situação. Teria que levá-los ao CAMPO. Mesmo achando que tudo não passava de mais um golpe de Morgan.
- Entre no seu carro e me siga, minha incumbência é só levá-los até o Áthila. Ele saberá exatamente o que fazer. - Falou contrariado.
Ambos entraram em seus veículos e seguiram viagem.
- Bem senhores, estamos próximos de chegar no nosso destino final. - Falou Morgan para os ocupantes do seu veículo.
Os quatro estavam lá, inclusive Nilton, que havia surtado e até ameaçado a fugir. No entanto, depois de uma longa conversa com Enya, que decidira ir de encontro a ele na ocasião, conseguiu reorganizar seus pensamentos, voltando atrás em sua decisão. Mesmo assim não estava para conversas naquele momento. Caio também estava um tanto quanto pensativo, temia muito pelo que viria pela frente. Enya já pensara tanto sobre toda aquela situação na qual estava vivendo que se deixava levar, sua maior preocupação era sua pequena filha.
Otho, como sempre confiava em Morgan, desconfiando. Era o único que conhecia um pouco, as artimanhas daquele renegado. Sua intuição dizia que algo muito maior estava por trás daquela história toda. O Arcóbio era sagaz, e ele precisava ficar atento aos detalhes do que viria pela frente a partir daquele momento.
"Fique de olho nos próximos passos desse cara". - Pensou.
O campo magnético que cobria o vilarejo abandonado, feito uma cúpula, abriu um pequeno portal em forma de túnel, assim que a diligência chegou com os "visitantes". Ultrapassaram e assim que se posicionaram dentro do local o portal se fechou. Ficaram parados, aguardando ordens de Rhami, que a essa altura, já descia do seu automóvel junto com os outros soldados.
- Muito bem, chegamos! - Falou para Morgan e para os outros ocupantes do carro. - Desçam e aguardem próximos às portas.
Saíram um por um em silêncio.
- Formem uma fila, por favor! - Ordenou.
Morgan se posicionou na frente, na sequência vieram: Otho, Caio, Nilton e Enya, que segurava sua pequena Yvy. Os soldados se colocaram um de cada lado da fila, sendo que, dois ficaram na frente e dois na retaguarda. Rhamí já estava há alguns passos adiantados para guiar a todos por onde deveriam seguir.
Otho observava a tudo com olhares de ave de rapina.
Além de ser um local totalmente isolado de tudo, afastado da civilização por quilômetros. Era totalmente murado e na parte superior do grande muro, ficavam as cercas de arame, com dispositivos elétricos de alta voltagem. Tudo era coberto por um campo magnético, que visto da parte de dentro, imitava a aurora boreal. Os casebres e os imóveis de médio e grande porte, estavam todos como que se estivessem abandonados. Realmente, tudo dava a entender que aquele lugar era uma cidadela fantasma. Entraram em um edifício de quatro andares, que tinha apenas a estrutura de pé, o resto era composto por destroços. Entraram passando por escombros até chegarem próximos a uma porta de elevador, que se abriu de imediato. Para a surpresa de todos era um carro grande e bem moderno. Adentraram no meio de transporte quadrado, a porta se fechou. Todos em silêncio sentiram quando ele se deslocou para a parte de baixo. Desceram alguns andares e chegaram no CAMPO. O elevador abriu as portas. O olhar de Otho era observador em todos os detalhes. Os outros apenas seguiam o fluxo.
Morgan tentava iniciar uma conversa com Rhami, sem muito sucesso. Todas as interlocuções de sua parte eram rebatidas pelo outro com respostas monossilábicas.
Entraram em um corredor enorme. Só ali puderam observar a complexidade daquele lugar. Era uma cidade subterrânea muito bem estruturada, cheia de energia e movimentos por todos os lados, governada com muita competência por Áthila. Ele por sua vez, era um Ascórbio vigoroso, alto e de musculatura rígida, olhos cintilantes e frios de cor alaranjada, cabelos raspados. Devidamente uniformizado de militar e acompanhado por uma tropa de dez soldados que serviam de escolta, posicionados atrás dele.
Todos se encontraram no meio do corredor.
- Áthila, prazer em revê-lo! - Falou Morgan.
- Não posso dizer o mesmo, não é. - Retrucou o outro. - Vamos Rhami, tragam todos para a central de recolhimento.
Andaram até o final do corredor e entraram em uma sala grande e toda branca. A porta automática que ultrapassaram antes da entrada, fechou-se automaticamente.
Continua...
Rede Social do Autor:
0 Comentários