APARTADOS
EPISÓDIO FINAL
TRAIÇÃO
Após passarem por uma série minuciosa de exames, Enya, Nilton, Otho e Caio, foram encaminhados para um setor reservado do CAMPO, onde ficavam os alojamentos. A acomodação era simples, porém confortável, servia muito bem para receber visitantes e foragidos.
Os quatro estavam tensos, apreensivos. Não sabiam o que viria pela frente de agora em diante. Eram muitas dúvidas a respeito daquela nova situação. Qual o interesse daqueles renegados com eles. Até Otho, que já tinha certa experiência, estava cheio de dúvidas. Mesmo porque, ele sempre mantinha um pé atrás com Morgan. Sabia que ele seria capaz de "vender a alma ao Diabo", para conseguir conquistar seus objetivos.
- E agora, oque vai ser. - Enya perguntou, depois de colocar sua filha, que dormia em seu colo, sobre uma das camas.
- Estou tenso! Não sei nem o que dizer. - Caio respondeu com um olhar vago.
- Isso nunca vai acabar. - Esbravejou Nilton. - Nossas vidas já não nos pertencem mais desde o dia em que acordamos naquela porra daquela "caixa branca". Primeiro foram aqueles nojentos que nos abduziram, para nos usar como experimentos, depois foi esse Morgan que apareceu do nada, falando que ia nos ajudar. Agora estamos aqui, nas mãos desses outros alienígenas. O que eles querem de nós.
- Nosso sangue. - Falou Otho. - Eles querem nosso sangue.
- Ah tá! Que merda eles são, alienígenas ou vampiros. - Gritou Caio.
- Calma gente. - Ponderou Enya. - Você sabe mais que todos nós aqui Otho. Então por favor, já chegou a hora de nos contar o que está acontecendo.
- Vamos nos sentar senhores. - Nilton pediu para todos, de forma conciliadora.
Sentaram-se nas camas.
- Não sei muitas coisas como vocês imaginam, não! Mas o pouco que sei talvez possa nos ajudar. - Otho tomou a palavra para si mais uma vez. - Enfim, fui parar naquela "caixa" mais que uma vez, com outras pessoas. Não sei o que aconteceu com eles, porque fugi todas as vezes. Talvez tenham sido mortas...
- Fugiu. - Perguntou Caio. - Como conseguiu fugir daquele lugar. É praticamente impossível sair dali.
- Não se você tiver uma ajuda externa. - Respondeu Otho. - Todas as minhas fugas sempre foram respaldadas pelo Morgan.
- Tá, mais isso não tem sentido. Se eles sabiam que o Morgan iria interferir, por que deixavam. - Perguntou Nilton. - E vocês têm que concordar que, no nosso caso, nossa fuga foi muito facilitada. Eu como segurança, percebi falhas grotescas, para um lugar tão monitorado como aquele em que estávamos presos.
- Não sei gente! - Retrucou Otho mais uma vez. - Já disse que não sei muita coisa. Só sei exatamente o que falei. Que em todas as minhas escapadas eu tive a ajuda do Morgan. E também preciso confessar algo a vocês. Eu não confio cem por cento nele. Além do mais, aqueles vermes arrancaram minha memória. E ao contrário de vocês, não sei nem a minha origem.
- Espera aí gente! Eu posso estar viajando no que vou falar agora. - Falou Caio. - Mas acho que faz algum sentindo o que eu vou falar. - Deu uma pequena pausa, para realinhar os pensamentos. - Você disse que esteve preso na "caixa" por mais vezes que nós. Não é. - Buscou a concordância de Otho com o olhar. - Então! Fugiu todas às vezes com a ajuda desse Morgan. Bem, onde estou querendo chegar com minha teoria. Os outros queriam essa fuga, ou pelo menos, a nossa escapada.
- Faz sentido sim Caio. - Respondeu Otho. - Como disse, não sei exatamente o que aconteceu com os outros. Mas assim que nos reuniram, quero dizer a nós quatro. O Morgan reapareceu e nos ajudou a sair de lá.
- Tá, mais isso quer dizer exatamente o que. - Ponderou Enya.
- Que os primeiros caras que nos sequestraram queriam nos trazer para cá. Exatamente para este lugar onde estamos. - Falou Caio.
- É isso. - Concordou Nilton. - Resumindo, estamos fodidos.
- Era exatamente esse o seu plano, seu traidor! - Áthila cuspia fugia em sua fala. - Mas eu acerto minhas contas com você mais tarde. No momento tenho que tentar estancar essa sangria que se instalou aqui, por conta dessa sua atitude. Nunca entendi exatamente de que lado você está, Morgan! Não deveria ter confiado em você mais uma vez.
- Eu trouxe exatamente o que você queria. Ou melhor, o que todos nós queríamos, não é. - Perguntou irônico.
Os dois estavam em uma sala reservada de toda agitação, em pé, um de frente para o outro. Morgan, imobilizado por seguranças.
- Chega! - Gritou irritado. - Levem esse verme para longe de mim. - Enquanto não invadirem nossos subterrâneos, teremos tempo suficiente de sairmos daqui. - Andem depressa por favor. Tirem esse merda da minha frente, que depois eu mesmo vou enforcar ele com minhas próprias mãos.
Falando isso, saíram todos da sala. No lado de fora, os corredores estavam agitados por um movimento frenético. Soldados armados, subiam para a superfície, cientistas e funcionários do CAMPO, corriam para as saídas de emergência. Todos se encaminhando para a plataforma de lançamento, onde pilotos os aguardavam para a evasão total do local. Era regra principal em casos de emergência, que os lideres, cientistas e pesquisadores, deveriam ter prioridade naquelas situações.
Morgan, era "prisioneiro de guerra", foi carregado pelos soldados, para ser retirado de imediato. Precisava ser poupado, por enquanto.
Áthila, seguido por Rhami e outros quatro soldados, se encaminharam na direção dos "apartados". Os quatro, mais do que ninguém precisavam ser retirados dali em segurança.
Na superfície, soldados invasores e defensores do CAMPO, se atacavam com armas de fogo de ultima geração. Estrategicamente, combatiam uns aos outros. Inimigos avançavam na batalha com vantagens e defensores rebatiam a invasão do local com garra. Perdas de ambas as partes. Até que, por uma falha, os soldados adversários conseguiram descer até os subterrâneos. Como todos os ocupantes do CAMPO faziam treinamentos de guerra constantemente, a grande maioria já estava na plataforma de partida. As três aeronaves de grande porte, com os seus devidos pilotos já estavam prontas para saíram do local. Aguardando apenas os últimos resgatados. Áthila vinha na frente do grupo a passos largos, na sequência, escoltados por soldados, as quatro e mais importantes pessoas de toda aquela empreitada. Enya e sua pequena Yvy, Nilton, Otho e Caio. Os "apartados". Outro agrupamento menor traziam Morgan, o traidor. Ocuparam todos aeronaves opostas.
Em minutos e na velocidade da luz as três naves deixaram o CAMPO, partindo para o espaço.
O CAMPO ficou devastado pela invasão, os poucos soldados sobreviventes e defensores, foram capturados pelos inimigos e levados como prisioneiros. A parte subterrânea, como fazia parte do protocolo de segurança, entrou em autodestruição até chegar ao colapso total, soterrando todos os soldados que ainda lutavam, todos os equipamentos tecnológicos e científicos e qualquer tipo de prova que algum dia pudesse denunciar sua existência.
Abriu-se uma enorme cratera no local. Por fim, os invasores partiram de lá, com seus carros e aeronaves. Deixando para trás a devastação. Precisavam agora, recalcular as estratégias, para conseguirem trazer de volta, aqueles quatro malditos "apartados". Eles guardavam em seus corpos a cura do grande mal que assolara quase todos os Arcórios em seu planeta de origem. No entanto, os planos não haviam dado tão certo. Procuraram tanto e por séculos por eles e quando conseguiram, deixaram que eles escapassem pelos dedos, apenas por que tinham a ambição de exterminarem com os renegados. Morgan, trouxera o plano perfeito, quando propôs usar os "apartados" como moeda de troca e ao mesmo tempo, descobrir a localização do CAMPO. No entanto, tudo deu errado. Precisavam agora reorganizar as estratégias e voltarem para o seu planeta de origem o mais rápido possível. Possuíam aparatos tecnológicos para esse feito e os usariam. Chegar na frente dos inimigos era agora de vital importância.
Após a estabilidade das aeronaves no espaço, a adrenalina de todos os ocupantes regularizou. Nem parecia agora que haviam fugido de uma guerra. Áthila estava sentado ao lado dos pilotos em silêncio.
Otho olhou por uma das muitas janelas pensativo. Caio, Enya e Yvy, dormiam tranquilos em uma das poltronas que se transformavam em leitos confortáveis. Nilton aproximou-se, não sabia exatamente o que falar, mas pronunciou algumas palavras em tom de receio, não queria na verdade ouvir o que realmente estava acontecendo.
- Aquele globo azul é exatamente o que estou pensando. - Perguntou perturbado.
- Sim, é exatamente o que você está pensando. Nosso planeta, a nossa Terra. Olhando daqui parece ser tão pequena, não é. - Não conseguiu segurar as lágrimas em um misto de angústia e medo.
Um abraço improvável aconteceu entre os dois. Ficaram ali, conectados e em total silêncio. Observando o pequeno planeta azul se misturar com as luzes das milhares de estrelas até desaparecer totalmente de suas visões.
APARTADOS FIM DA PRIMEIRA TEMPORADA.
(RICARDO NETTO).
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