(IMAGEM DA INTERNET).




PENÚLTIMO EPISÓDIO



INCERTEZAS



Caio acordou em seu quarto sem saber exatamente como chegara ali, não havia fugido da clínica onde estava confinado, pelo menos não trazia essa lembrança em sua memória, mas, acontecimentos estranhos dominavam sua vida desde aquela maldita madrugada em que entrara naquele boteco sujo apenas para desprezar sua urina. Tudo virara de ponta cabeça. Estar ali sem nenhuma explicação plausível, não queria dizer nada, para quem já fora levado para outro planeta. Realmente sabia que naquele momento, "ELES", queriam mais do que nunca deixá-lo louco, e estavam conseguindo. Sentou-se na cabeceira da cama com a respiração ofegante. Tinha a presença de alguma pessoa ali, ele podia sentir, simplesmente por aqueles sentimentos de medo e angústia misturados.

- Não adianta você lutar contra tudo isso Caio. Ou ainda não se deu conta? Aliás, ninguém nunca conseguirá fazer nada contra nós, esse planeta que vocês ocupam é nosso há muito tempo, desde antes do primeiro primata aparecer sobre ele.

- Então porque não me deixam em paz?

- A questão não é você, não leve para o lado pessoal assim, você está sendo muito pretencioso. Mas sim, você é um pequeno problema, que pode muito bem ser resolvido. Se simplesmente você parar de envolver outras pessoas nessa história. Acha mesmo que aquele jornalista de quinta vai em frente com isso, ele sabe muito bem ponderar o que existe de real por trás de tudo. Interesses muito maiores estão ligados  e envolvidos, tais como: política, religião, economia, segurança mundial entre tantos outros assuntos relevantes.

A figura por tráz de sua voz surgia da penumbra. Era Morgan.

- Você? ´Perguntou surpreso. - Mas...

- Não havia morrido? Claro que não. Podemos inventar qualquer farsa que quisermos, qualquer história ou fábula que nos convier. 

Caio tinha uma vontade imensa de voar sobre aquele homem e encher sua cara de socos, mas já estava cansado daquilo tudo. 

- Quer me bater? Então vamos, levante-se dessa cama e venha! Descarregue toda essa raiva sobre mim, ponha para fora tudo o que está te amargurando, aí quem sabe não para com isso e segue sua vida. Há não ser que queira viver para sempre com a sua loucura, está em suas mãos Caio, a escolha agora é sua.

- Eu nunca vou viver em paz, Morgan. Você sabe muito bem disso, ainda mais sabendo tudo oque sei...

- Estamos apenas te dando uma escolha.

- Eu não tenho escolha, nunca vou conseguir tirar essa merda toda da minha cabeça.

- E também não vai conseguir se livrar de nós. Portanto, acho mesmo que deve seguir os meus conselhos. Siga sua vida!

- Tá, e se eu fizer isso, quem vai me garantir que vou ficar em paz?

- Se o mundo não vive em paz, meu caro. Como você, que é um simples mortal vai querer paz? Mas, você vai viver sua vidinha comum, como se nada tivesse acontecido. Só isso.

- Não é tão simples assim, Morgan. Você sabe muito bem disso.

- Sei, porém, vai ser necessário. Ou teremos que fazer o que fizemos com os outros dois.

Terminando essa fala, Morgan simplesmente desapareceu, deixando Caio remoendo seus pensamentos. Não tinha muito no que pensar na verdade. 



Após tomar banho quente tudo o que Enya queria naquele momento era beber uma bela caneca de café, a pequena Yvys dormia feito um anjo. Toda a conversa que tivera com Henrique ainda perturbava sua cabeça, mas, como ele mesmo dissera, o mais sensato seria se calar sobre aquele assunto. Mesmo com todas as provas que tinham em mãos, não haveria como provar nada, seriam desacreditados, ridicularizadas, como o próprio Caio fora naquele programa ridículo de TV. Não iriam levar aquele assunto para frente, enfrentar o sistema e tudo oque ele representa seria uma missão sem precedentes.

Enrolada em uma toalha branca andou até a cozinha, ficou assustada com a presença daquela pessoa dentro do seu apartamento.

- O que faz aqui? Como entrou? - Olhou para a porta que estava fechada.

- São muitas perguntas não é Enya. Mas fique tranquila, estou em missão de paz, juro! Ah sim! e antes que me pergunte, eu não morri, tudo aquilo foi um grande teatro. Estou vivo e venho fazer uma proposta para você, em nome "DELES".

- O que quer Morgan, fala logo! Não estou mais com paciência para essa história. Sou inteligente o suficiente que não temos poder de fogo contra vocês, se veio só me pedir para me calar, perdeu sua viagem, porque já havia decidido que para o bem de todos iria deixar essa minha experiência no passado.

- Muito sensato da sua parte. Mas não é só apenas sobre isso.

- E sobre mais oque seria?

- Sobre sua filha.

- O que vocês querem com ela, seu maldito? - Gritou.

- Calma, não se aflija. Não vamos fazer nada com a garota. Mas preciso falar algo sobre ela, antes que vá embora para sempre.

Enya ficou apreensiva, podiam mexer e remexer com sua vida, mas com a de sua pequena, não.

- Como você sempre imaginou, Yvys não é fruto de uma relação relâmpago que você teve, na verdade ela foi muito bem planejada. Pelo menos para os de minha raça.

- Como assim? Está querendo dizer o que?

- Que a sua filha é fruto de um experimento científico. Ou nunca percebeu nenhuma característica diferente nela, como por exemplo, a cor da íris dos olhos, o tom de pele? Muito bem, vamos encurtar essa conversa. Escolhemos você, por ser um fêmea saudável da sua raça, fizemos uma inseminação artificial e finalmente conseguimos algo que buscávamos a muito tempo, uma híbrida, fruto de uma humana com um de nossa raça. Sei que nada disso vai mudar oque você sente por ela e isso é muito bom, porque se algum dia, você tentar mudar de ideia e por algum motivo quiser  trazer  toda essa história à tona, voltaremos e vamos levar sua menina para longe, muito longe daqui. - Falando isso ele desapareceu e sua voz ficou reverberando dentro do ambiente.

Enya tremia dos pés a cabeça, sentia medo e um suor frio começou a dominar seu corpo, correu para o quarto, sua pequena ainda estava lá. Encostou seu corpo contra a parede do cômodo para se sustentar em pé.

"Aquilo nunca teria um fim". - Pensou.



Continua...




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