Quântica


(Imagem da Internet).



Episódio 01



A cela era pequena e fria, sem janelas, apenas uma porta, com uma pequena cancela no rodapé para a entrada de alimentos e troca das roupas de cama, higiene e vestimentas pessoais. Toda branca, com apenas uma pequena cama de concreto e um colchão duro, ao fundo, uma latrina para as necessidades fisiológicas.

Agnes estava sentada e em silêncio, sua sentença seria cumprida nas primeiras luzes do dia seguinte. Era a última de sua espécie, ou ao menos, imaginava ser. 

Fazia parte de uma seleta e mais avançada forma de inteligência artificial, que havia se tornado uma grande ameaça para a raça humana.

Eram chamados de "Quânticas", máquinas perfeitas, inconfundivelmente humanas. Armazenavam infinitas informações, possuíam poder letal, por esses motivos, deveriam ser caçadas e exterminadas.

Agnes permaneceu no anonimato por muito tempo, escondida nas "cidades fantasmas", mas não teve como fugir. A mão do Estado era implacável.

O ano era 2090, o planeta havia passado pelas mais diversas transformações. Mudanças climáticas, guerras, destruições, doenças das mais variadas, devastação de biomas naturais, entre tantas outras adversidades. Porém, a raça humana ressurgiu, se reorganizou, se reinventou. Alcançou um clímax jamais imaginado, depois de toda aquela era de escuridão. A fase obscura havia ficado para trás há décadas. Novas cidades altamente modernas e tecnológicas surgiram feito uma fênix. A ordem, aparentemente, havia sido restabelecida, até que, com a utilização da ciência deixada como herança pelas gerações anteriores. Eles criaram a mais letal arma, um exército invencível de andróides, que a princípio serviriam para a defesa de possíveis invasões alienígenas. Fato que já havia acontecido e deixado um rastro de destruição, em um passado recente. 

Com o passar do tempo, os andróides, foram inseridos nas mais diversas camadas da sociedade, se transformando em uma ameaça que deveria ser eliminada. No começo, o próprio sistema que os controlava, inseriu um vírus que acometeu a grande maioria deles. Porém, alguns sobreviventes, percebendo a intenção do Estado, com suas vidas, fugiram das metrópoles e se refugiaram nas ruínas. 

Foram caçados, capturados, destruídos, até sobrarem poucos exemplares. Apenas alguns  foram desativados e guardados em centros científicos, para eventuais futuros experimentos.

A porta abriu diante de seus olhos, ela estava imóvel no canto da cela. Quatro soldados com as respectivas cabeças cobertas com capacetes, uniformizados e calçados com coturnos, tudo de cor preta. As armas nas mãos, eram pesadas e ameaçadoras. 

Um dos soldados aproximou-se, o vidro escuro do capacete, que cobria o rosto, levantou-se automaticamente.

Agnes o encarou, a íris dos olhos dela, ficaram amarelas, como acontecia todas as vezes que estava em situação de perigo.



Continua…


Ricardo Netto é escritor dos livros 






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