APARTADOS - WEBSÉRIE - EPISÓDIO IX

 







APARTADOS




EPISÓDIO IX




PARTO



A madrugada escura e silenciosa trazia consigo uma sombra tenebrosa de maus presságios. Na casa, onde estavam provisoriamente confinados, todos se encontravam embalados pelo sono mais profundo. O único que não conseguira dormir, era Morgan. Uma angústia dominava seu espírito, sentia que uma energia muito forte se aproximava, os inimigos estavam por perto. 
"Mas como conseguiram localizá-los, se ele havia retirado o chip de todos os "apartados". - Pensou. - "Algo havia saído errado". - Ficou apreensivo. 
Um raio tocou o chão com muita violência, estremecendo as bases da casa onde estavam. Otho acordou assustado, sentou-se na cama. Além de Morgan, ele era o único que sabia o significado daquele relâmpago repentino. "Eles estavam chegando". Levantou-se de supetão e correu para a sala. 
- Precisamos acordar os outros! - Morgan falou assim que a figura do outro apareceu diante dele.
- Verdade. - Ponderou. - Sabe me dizer se temos algum tempo.
- Exato, exato não. - Respondeu. - Mas pelo som, imagino que temos uma hora. 
- É pouco. - Respondeu. 
- Essa não é a única questão. Queria entender como eles nos descobriram aqui. Tirei todos os chips e depois incinerei. Devem ter implantado outro tipo de localizador.
- Vou acordar os outros. Depois falamos sobre isso. 
Otho entrou em cada quarto e chamou os outros que ainda estavam dormindo. Em menos de cinco minutos estavam todos na sala.
- Precisamos sair daqui o mais rápido possível. - Morgan foi direto ao assunto, não tinham mais tempo a perder. 
Um segundo raio mais forte, tocou  o chão novamente.
- Peguem tudo oque vamos precisar o mais rápido possível! - Otho falou aos demais.
Caio e Nilton estavam com sono ainda, mas entenderam de imediato que a situação exigia urgência. Correram para os quartos para separar o que iriam precisar naquela nova jornada. 
Enya também entendeu a emergência do momento. Mas quando começou a se direcionar para o quarto, para ajudar os demais, sentiu uma forte pontada no ventre. Um líquido quente molhou suas roupas íntimas, descendo pelas suas pernas. na sequência uma dor muito forte a fez segurar a barriga e parar onde estava. 
O terceiro raio atingiu o solo. Estavam próximos.
- Minha bolsa estourou! - Falou angustiada. 
- Acalme-se! - Morgan segurou carinhosamente em suas mãos. - Vai dar tudo certo. 
Os outros voltaram prontos para saírem dali.
- Mudanças de planos, temos outro problema senhores. - Disse Morgan. - Caio, se prepare! Vamos ter que fazer um parto. 
- Um o que. - Perguntou desnorteado. 
- Um parto porra. - Gritou impaciente. - Espero que em toda sua carreira de enfermeiro já tenha feito algum.
- Já fiz sim, é claro. - respondeu. - Só estou nervoso caralho.
- Então vamos todos procurar manter a calma, por favor. - Dessa vez foi Otho quem falou.
Outro raio clareou toda casa.




Abriram um alçapão que ficava no centro da sala, desceram uma escada grande, passaram por um corredor longo e estreito até chegarem a um bunker, estrategicamente construído para situações de emergência. 
Na frente foram: Nilton, Caio e Enya, que por sua vez tentava controlar as dores que estava sentindo. 
Na parte superior, os dois mais experientes naquelas situações de perigos eminentes; Otho e Morgan. 
- Vamos precisar atear fogo na casa! - Falou Morgan. - Isso vai atrasar eles um pouco. Depois dentro do bunker estaremos todos seguros. Ele foi muito bem construído com tecnologia de refúgio. Uma vez trancados lá dentro não terão como entrar.
Começaram a jogar gasolina em todo ambiente, na sequência, passaram pelo alçapão e trancaram pelo lado dentro, desceram as escadas e em alguns minutos estavam com os demais. Morgan travou a porta do bunker com um código biométrico. 
Enya fazia uma grande força para dar a luz, as dores pareciam dilacerar seu ventre de dentro para fora. Quase não escutava a voz de Caio pedindo para que ela empreendesse mais energia naquela ação. Morgan se aproximou dos dois e ajoelhou-se no chão onde estavam para fazer nascer aquela criança.
Na parte superior, a casa estava em chamas. "Eles" chegaram em quatro pick-ups pretas, seguidos de raios e uma chuva torrencial, pararam próximos do imóvel que pegava fogo. Esperariam dentro dos automóveis até que a chuva passasse, não tinham pressa. Conheciam todas as artimanhas de Morgan, sabiam que aquele incêndio era uma estratégia para retardar a ação deles. Estavam dois em cada carro. Tinham todo o tempo do mundo.
Enquanto isso, Enya trazia sua cria ao mundo.
- Faça um último esforço, a criança já está coroando! - Caio gritou.
Enya soltou um gemido agudo, parecia que toda a energia de seu corpo havia se esvaído. Escutou um som longe distante de choro, sua filha havia nascido.
- É uma menina! - Caio estava nitidamente emocionado, não conteve as lágrimas nos olhos, enquanto cortava o cordão umbilical que ainda unia as duas. Colocou a recém nascida no colo da mãe que também chorava em silêncio. Nunca entendera como havia acontecido aquela gravidez, mas, aquele momento definitivamente não queria entender mais nada. Apenas acomodou a filha com carinho e ofereceu sua mama para que ela tivesse sua primeira alimentação. Era uma imagem linda, as duas ali, uma ligada a outra.
Morgan olhou melhor para a menina, observou um pequeno ponto brilhante em sua pequena nuca.
"Aqueles infelizes, conseguiram colocar um chip naquela criança. Então agora, estava claro como os haviam localizado". - Pensou irritado e preocupado ao mesmo tempo.
Levantou-se de onde estava e aproximou-se de Otho.
- É uma híbrida. - Sussurrou ao ouvido do outro. - Eles conseguiram chipar ela dentro da barriga da mãe, o localizador está nela, tudo foi muito bem arquitetado. Como sempre eles são astuciosos.
- Mas você não disse que estávamos seguros aqui dentro. - Cochichou.
- Já não sei de mais nada.
Os dois ficaram em silêncio. Pensativos. 
Caio enrolou a menina em uma toalha limpa e quente, ficando com ela nos braços. Enya adormeceu de tanta exaustão. Nilton estava em um canto separado dos demais. 
"Nunca vivera tantas coisas estranhas em toda sua vida". - Pensou consigo mesmo.





Continua...






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